O Concreto e a nanotecnologia


A primeira revolução do concreto ocorreu em 1928, quando surgiu o concreto protendido. Já a segunda revolução, está em curso. Ela nasce a partir da descoberta da nanotecnologia, e com as experiências bem sucedidas de acrescentar nanotubos de carbono ao cimento. O material resultante desta mistura tem surpreendido os pesquisadores, pois permite produzir um concreto com altíssima resistência.
sso se deve às características peculiares da molécula do carbono, a matéria-prima da nanotecnologia. Trata-se de elemento com excelente resistência mecânica e condutividade elétrica e térmica considerada excepcional. A partir dela, é gerado o nanotubo – uma estrutura cilíndrica formada por átomos de carbono, cujo diâmetro não ultrapassa a bilionésima fração do metro (um nanômetro).
A adição de nanotubos ao cimento Portland é como se microscópicos cabos de aço fossem acrescentados ao material, gerando uma protensão no concreto que pode chegar a 200 MPa (mega Pascal). O produto final, que no Brasil ainda se limita aos laboratórios, já é apontado como o ideal para obras de infraestrutura e construções submarinas, devido à baixa porosidade.
O cimento-nanotubo de carbono, como cientificamente é chamado, ainda não chegou ao mercado devido ao alto custo de sua produção. Quando as pesquisas começaram, comparativamente um saco de 50 quilos não saía por menos de mil vezes mais do que uma embalagem do produto convencional. Por isso, os estudos atualmente são para melhorar esta relação custo-benefício. Neste sentido, um dos trabalhos com melhor resultado ocorre na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
O Laboratório de Nanomateriais do Departamento de Física da UFMG desenvolveu um método em que os nanotubos são gerados a partir da produção do próprio cimento Portland. A pesquisa tem à frente o professor Luiz Orlando Ladeira, que percebeu que o clínquer, componente básico do cimento Portland, é um agente fértil para a geração de nanotubos. “Como o clínquer é resultante de processo de calcinação em altas temperaturas, torna-se um bom suporte para o ancoramento de nanopartículas de metais de transição. Assim, conseguimos enriquecer o clínquer diretamente”, explica Ladeira.
Para atender a demanda em torno da nanotecnologia, há quatro anos o Inmetro aprimora seus laboratórios para as atividades de nanometrologia. “Fundamentalmente, devemos estar aptos a dar o apoio à indústria, para garantir a qualidade e as características dos produtos à base nanotecnológica”, diz Achete, para quem a nanotecnologia no Brasil dará grande salto a partir do momento em que for definido um marco regulatório para o setor. “Hoje, o marco regulatório ainda não esta colocado, mas sua elaboração é fruto de intensa discussão dentro do Fórum de Competitividade, coordenado pelo MDIC ( Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior)”, revela.


Carlos Alberto Achete: “A Construção Civil será fortemente afetada, pois vai agregar materiais inteligentes.
  
Luiz Orlando Ladeira: pesquisa na UFMG mostrou que clínquer é agente fértil para a geração de nanotubos
        
nanotecnologia começa a ser testada em aditivos de concreto para aprimorar as qualidades do material. As microestruturas têm a propriedade de realçar características como resistência e robustez, além de influenciar na permeabilidade e na cura do material. “É uma série de vantagens, entre elas a redução no consumo de água e a diminuição na emissão de CO para produzir a mesma quantidade de concreto, além da rapidez na cura interna, o que torna o material mais resistente”, diz Fabricio André Buzeto, coordenador de tecnologia da Basf. 

Fabrício André Buzeto, da BASF: exploração do pré-sal vai exigir concreto com materiais nanoestruturados.
 Outro exemplo no avanço dos aditivos a base de nanopartículas é que eles promovem um efeito de melhoria da fluidez do concreto ao longo do transporte da central dosadora até a obra. “Isso permite que com a seleção de nanocompostos se modifique o tipo de aditivo, levando em consideração as características químicas que o material vai precisar para cumprir plenamente sua função”, explica Humberto Benini, chefe do Departamento de Físico-Química da Grace. 
Segundo Fabricio André Buzeto, a aplicação de materiais nanoestruturados permite criar produtos específicos para cada tipo de obra. “A tecnologia será muito importante na exploração da camada pré-sal. Hoje já existem produtos utilizados em cimentação de poços de petróleo que são baseados em nanoestruturas”, revela. Uma das características mais importantes destes materiais é que eles são “inteligentes”. Através de nanobots, são capazes de apontar fissuras e problemas estruturais, reduzindo sensivelmente o risco de vazamento. 

Exemplo das pontes entre os compostos hidratados do cimento e os nanotubos de carbono em uma microestrutura de concreto.

Um dos obstáculos para que a nanotecnologia seja definitivamente incorporada à indústria cimenteira é a sua viabilidade econômica. “O uso combinado do cimento Portland e os nanotubos de carbono (CNT) ainda apresenta muitos desafios para sua viabilização econômica como material de construção, mas o potencial de uso é imenso. Tanto é que na Europa se formou um consórcio, o NanoCem, para desenvolver soluções envolvendo fabricantes, usuários, universidades e institutos governamentais. É um exemplo de ação setorial para o desenvolvimento da nanotecnologia, como ocorre também nos Estados Unidos, onde há um programa semelhante”, comenta Benini. 
Quando alcançado o estágio de produção industrial, os benefícios da nanotecnologia aplicada aos canteiros de obra serão inquestionáveis, avaliam os especialistas. “Os ganhos de produtividade, redução da dependência do operador e mecanização dos processos representarão um grande benefício à indústria da construção, tanto pela redução dos custos e melhoria da qualidade quanto ao consumidor final e a sociedade, que contará com construções de melhor qualidade, mais duráveis e, portanto, com menor impacto ambiental e econômico”, conclui o chefe do Departamento de Físico-Química da Grace. 
Aplicação da nanotecnologia na Construção
A nanotecnologia é a engenharia de sistemas funcionais em escala molecular.A nanotecnologia está preocupada com os objetos entre 1 e 100 nm de tamanho. ( Nano metros )1 nanômetro  = 1×10−9 metro, ou seja, um milionésimo de milímetro ou um bilionésimo do metro.

Aplicações da tecnologia de nano em engenharia civil são inúmeras. Algumas das aplicações são elaborados abaixo.


Aplicação em concreto :
A adição de materiais em escala nano no cimento pode melhorar seu desempenho. O Uso de nano-SiO2 pode aumentar significativamente a compressão do concreto, com grande volume de cinzas volantes, em idade precoce e melhorar a distribuição de tamanho dos poros, preenchendo os poros entre as grandes cinzas volantes e partículas de cimento em escala nano. A dispersão/suspensão de nano sílica amorfa é utilizada para melhorar a resistência à segregação para auto compactação do concreto. Também tem sido relatado que a adição de pequena quantidade de nanotubos de carbono (1% ), em peso, pode aumentar a resistência, tanto a compressão como a flexão .
O rompimento é uma grande preocupação para muitas estruturas. A Universidade de Illinois em Urbana-Champaign está trabalhando em polímeros de cura, que incluem um agente de cura micro encapsulada e um gatilho de química catalítica . Quando as microcápsulas são quebradas por uma rachadura, o agente de cura é liberado para a rachadura e contato com o catalisador. A polimerização acontece e une as faces da trinca. O polímero auto cura pode ser especialmente aplicável para corrigir o micro trincamento em pilares e colunas da ponte. Mas isso requer dispendiosa injeção de epóxi.

A Universidade de Illinois em Urbana-Champaign desenvolveu um polímero auto-cura que pode unir com um agente de cura microencapsulado.
Aplicação em Aço
   O aço é um importante material de construção. As suas propriedades, tais como força, resistência a corrosão e capacidade de solda, são muito importantes para a concepção e construção. É possível desenvolver novo aço de alta performance (HPS) com baixo consumo de carbono. Um aço novo foi desenvolvido com resistência a corrosão e capacidade superior de solda, incorporando as nanopartículas de cobre nos contornos.

Revestimento
Os revestimentos incorporando certas nanopartículas ou nanocamadas têm sido desenvolvidos para determinada finalidade . É uma das principais aplicações da nanotecnologia na construção. Por exemplo, o Dióxido de Titâneo (TiO2) é utilizado para vidraças de revestimento devido à sua esterilização e propriedades anti-incrustantes . O TiO2 vai quebrar e desintegrar sujeira orgânica através poderosa reação catalítica . Além disso, é hidrófilo, o que permite que a água se espalhe uniformemente sobre a superfície e lave a sujeira anteriormente quebrada. Outros revestimentos especiais também foram desenvolvidos, tais como anti-grafite, controle térmico , economia de energia e anti-reflexo.
Efeito de limpeza através de uma superfície nano revestida
Nanosensores
Os sensores têm sido desenvolvidos e utilizados em construção para monitorar e/ou controlar a condição ambiente e o desempenho de materiais/estrutura.  Uma vantagem destes sensores é a sua dimensão (10 -9m to 10-5m). Estes sensores podem ser incorporados na estrutura durante o processo de construção. Agregado inteligente, um dispositivo multi-funcional baseado em piezo-cerâmico de baixo custo, tem sido aplicado para controlar as propriedades do concreto de pouca idade, tais como umidade, temperatura, umidade relativa e o desenvolvimento precoce da resistência. Os sensores também podem ser utilizados para monitorar a corrosão e rompimento do concreto. O agregado inteligente também pode ser usado para monitoramento a saúde da estrutura. O sistema de divulgação pode monitorar as tensões internas, rachaduras e outras forças físicas nas estruturas ao longo da vida das estruturas. Ele é capaz de fornecer uma indicação precoce da saúde da estrutura antes que uma falha possa ocorrer.

A Jubilee Church em Roma mantém a sua cor branca brilhante por causa do dióxido de titânio nanoestruturado.
                        
  Autor: Adauto Caetano de Souza Neto



Comentários

  1. Não deu pra ir ma a fundo pesquisa pós estou sem pc, mas esse tipo de concreto estar sendo usado em algumas partes da Europa e no Brasil ainda se usa pouco esse tipo de concreto nano, mas alguns engenheiros e concreteiras também.
    na guerra do golfo foi usada um tipo de manta de concreto foi desenvolvida pelo engenheiros do exercito americano pra o local de abrigo e nesse sistema de manta foi usado o concreto nano muito útil hoje no Afeganistão . no Brasil ja se usa a muito tempo.

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  2. Boa tarde. Bom, gostei da proposta desse tipo de concreto. Basante interessante e. Seria importante procurar organizar a estrutura do texto e as ligações entre uma informação e outra, como também disponibilizar as fontes pesquisadas. Mas, parabéns quanto as informações, bem explicativas.

    Att.: Maria Elizama, da turma de engenharia civil 4NA.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Percebe-se que texto acima foi extraído a parti de publicações feita na internet. Onde as citações não ficaram claras. Assim como nossa colega Elizama observou, temos vários tamanhos de fonte.
    O texto é de bom entendimento.
    Parabéns pela pesquisa.

    Taísa, 4NA Engenharia Civil. Universidade Potiguar-UnP

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  5. Em um futuro não tão distante, os estudos serão voltados em cima da nanotecnologia -coisas que não podemos ver com os nossos olhos, mas que desenvolvem funções bem melhores em relação aquelas que estão debaixo do nosso nariz, a aplicação da nanotecnologia ao concreto será revolucionaria, pois teremos estruturas provavelmente com o dobro ou o triplo da durabilidade do concreto convencional, com melhores desempenhos na permeabilidade, redução do consumo de água, visto que a água será um bem precioso nos séculos vindouros, o cimento é um aglomerante que reage com água, sem a adição da água fica impossível se obter o concreto, por isso é de suma importância procurar meios que economizem na água que utilizamos no concreto, de acordo com o portal AECWeb só na cidade de Vitória no (ES) cerca de 84% da água potável fornecida a cidade é utilizada na construção civil, isso é um absurdo, se continuar assim não teremos água pras gerações futuras
    Att. Antonio Daniel Vieira Mendes
    Aluno de Eng. Civil da 4NA

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  6. Através de pesquisas realizadas, foi comprovado o bom desempenho das nanopartículas quando adicionadas a argamassas de cimento e a concretos. Devido ao seu tamanho minúsculo, tais partículas contribuem para o preenchimento de vazios e, consequentemente, para a melhoria de diversas propriedades desses materiais.

    Att. Marcela Maia
    Eng. Civil UnP. 4NA

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  7. Boa tarde! Ótimo assunto amigo Adauto. Dei mais uma aprofundada no assunto e pude observar que a nanotecnologia concentra-se na criação de
    novas moléculas com arquiteturas muito diferentes, resultando em propriedades
    muito especiais. Esse é um campo muito amplo e interdisciplinar, envolvendo a
    química, a física, a engenharia de materiais, a bioquímica, a biofísica, a medicina e a
    ciência da computação, sem contar com economia de energia, proteção ao meio ambiente e menor uso de matérias-primas.

    Att.: Paula Jeovania
    Eng. civil UNP 4Na


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  8. Apesar de ainda incipiente e talvez pelo fato mesmo de o ser, a nanotecnologia é um campo fascinante; no entanto, vale lembrar que traz consigo perigos. Alguns destes perigos são expostos por Jurek Vengels nesta entrevista (https://goo.gl/R8X4WS).

    Att. Arthur Brietzke

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  9. A nanotecnologia vem proporcionando a melhoria de diversos materiais utilizados no
    cotidiano. A nanotecnologia fundamenta-se na ideia de que as propriedades das substâncias
    mudam quando reduzidas a escalas muito pequenas.

    Att;
    Deyvitt Barros.

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  10. Boa noite, achei a pesquisa sobre a nanotecnologia na construção civil muito interessante e importante. Proporcionar mais tecnologia em busca de melhorias é o papel do engenheiro, procurar inovar com intuito de trazer melhorias a mesma. Parabéns para a pesquisa do colega, realmente ficou de fácil entendimento mas como já destacado faltou um pouco de organização, mas realmente parabéns!!!
    FERNANDA FEITOSA 4NA.

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  11. Boa noite!
    Ótimo assunto abordado na postagem. A nanotecnologia veio também para diversificar ainda mais a engenharia, trazendo assim, novos meios para pesquisa, curiosidade e até mesmo novas especialidades para aqueles que buscam o diferencial. Em relação ao tema acima, como em outras publicações neste mesmo blog, essa pesquisa ainda está basicamente no início, mas com vários passos adiantes para o futuro. Me pergunto o quão longe poderemos ir com tantas coisas novas a serem descobertas e aprimoradas...

    Parabéns ao autor da postagem!

    Atenciosamente, Jefersson Mendes.

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  12. Boa Noite, muito interessante esse trabalho no qual mostra uma gama de assuntos a fazer com a nanotecnologia na qual vem proporcionando a melhoria de diversos materiais utilizados no ramo da construção civil, na qual se haver uma adição de nanotubos ao cimento Portland, pode ser gerando uma protensão no concreto que pode chegar a 200 MPa. :D

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  13. Um concreto com 200 Mpa ??Realmente será um grande avanço quando a fabricação desse tipo de concreto for acessível às indústrias e ao mercado como um todo.Excelente informação!

    Tânia Mateus
    4NA

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  14. Algo realmente incrivel é inovador para a construção civil, com a nanotecnologia é possivel obter essa resistencia de 200 Mpa, pena que é um tipo de material muito caro e não muito viável, sendo exigido somente para obras muito específicas.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. É um ótimo assunto, no qual será uma das tecnologias mais usadas no concreto, se a resistência do concreto está ligada aos espaços vazios que nele existe, com a chegada da nanotecnologia pode se dizer que o concreto terá menos vazios que o tradicional, assim aumentando sua resistência e a durabilidade da obra.
    Att. Thales Henrique

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